Pesquisadores utilizam inteligência artificial para determinar autoria de peça renascentista
Um grupo de pesquisadores utilizou a inteligência artificial (IA) para determinar se a peça renascentista Arden of Faversham foi escrita em parte ou inteiramente por William Shakespeare. A equipe colocou as peças de Shakespeare e outras do Renascimento em duas categorias distintas: Shakespeare e não-Shakespeare, utilizando como base as palavras que ele costumava usar e aquelas que ele evitava. No entanto, os resultados foram inconclusivos, revelando que o campo é menos ordenado do que se pensava.
O autor do estudo afirma que a IA não define claramente os limites entre as duas categorias de peças renascentistas. Ela constrói essa cerca a partir das características previamente determinadas pela equipe de pesquisa. E caso as peças não se separem claramente entre ambas categorias, torna-se difícil ter certeza da classificação. O estilo e vocabulário de Shakespeare são tão variados e dinâmicos que ele invade os espaços de outros autores, assim como eles fazem com ele, de modo que é provável que apenas palavras frequentes não são suficientes para provar a autoria definitiva.
IA e a dificuldade de determinar limites entre categorias distintas
O estudo menciona outros exemplos em que a IA teve dificuldades em determinar limites entre categorias distintas, seja na identificação da linguagem abusiva versus não-abusiva em serviços online ou na capacidade dos chatbots de determinar respostas apropriadas versus inadequadas. A falha da IA na classificação da peça Arden of Faversham pode ser atribuída a diversas causas, como falta de treinamento correto por meio de dados insuficientes ou à própria natureza da linguagem humana utilizada como dados.
O autor introduz o termo “meganets” para descrever as redes de dados persistentes, evolutivas e opacas que controlam (ou pelo menos influenciam fortemente) como vemos o mundo hoje em dia. As meganets são maiores do que qualquer plataforma ou algoritmo individual, acumulando dados sobre nossas atividades diárias, estatísticas vitais e até mesmo nossos pensamentos e emoções mais íntimos. Elas criam agrupamentos sociais que não existiriam há duas décadas e constantemente se modificam em resposta ao comportamento do usuário para formar algoritmos coletivos autoriais, sem nenhuma intenção prévia nem mesmo das corporações e governos que as operam.
Embora a IA seja uma parte importante das meganets, ela ainda apresenta falhas graves quando se trata da compreensão da linguagem humana, necessitando assim de outros pontos fortes para complementá-la. O autor alerta para o perigo de permitir que os sistemas automatizados evitem cada vez mais o uso da linguagem humana em favor de imagens e números. Ele argumenta que isso pode colocar em risco nossa capacidade de nos comunicarmos plenamente uns com os outros em um mundo cada vez mais dominado pelas meganets.
Notícia | Artigo investiga autoria de peça renascentista Arden of Faversham |
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Objetivo | Questionar se a peça foi escrita por William Shakespeare |
Método | Utilização de inteligência artificial para classificar peças renascentistas em categorias distintas: Shakespeare e não-Shakespeare |
Resultados | IA teve dificuldades em determinar limites entre as categorias, revelando que o campo é menos ordenado do que se pensava |
Conclusão | IA apresenta falhas graves na compreensão da linguagem humana e deve ser complementada com outros pontos fortes para evitar riscos à comunicação plena em um mundo dominado pelas meganets |
Descoberta de nova espécie de dinossauro na Patagônia com informações do site G1.