Em Los Angeles, escritores de cinema e televisão entraram em greve por melhorias salariais e para restringir o uso da inteligência artificial (IA) na criação de roteiros. A disputa sobre o papel da IA é um dos vários assuntos que levaram à paralisação inédita dos roteiristas de cinema e TV há 15 anos.
Os estúdios de Hollywood estão lutando para tornar serviços de streaming lucrativos, além de lidarem com as receitas cada vez menores com publicidade. Segundo a Writers Guild of America (WGA), que representa escritores de cinema e televisão, os estúdios foram contrários à proposta da associação de limitar o uso da IA, afirmando que discutiriam novas tecnologias somente uma vez ao ano.
A IA tem sido usada em várias funções na indústria cinematográfica, como ajudar a remover rugas do rosto de atores mais velhos, limpar palavras vulgares extraídas do diálogo dos atores e até mesmo criar imagens realistas em animações por meio do Dall-E da OpenAI.
Com relação aos roteiros, alguns escritores já estão experimentando a criação desses textos por meio da inteligência artificial. No entanto, os escritores argumentam que têm duas preocupações importantes com relação à IA: não querem que seu material seja usado livremente pela tecnologia nem serem obrigados a revisar rascunhos malfeitos gerados pela IA.
O co-fundador do Motus Lab da Universidade de Sydney e consultor exclusivo dos estúdios sobre visualização digital e inteligência artificial Mike Seymour discorda e diz que a IA pode ajudar os escritores no momento de começar a criar um roteiro e produzir diálogos simples.
Os escritores também temem que sua criatividade seja colocada de lado, resultando em trabalhos mal remunerados e com menos reconhecimento. Eles propõem que materiais gerados pela IA não sejam considerados materiais literários ou originais, o que impediria que estúdios oferecessem salários mais baixos para edições posteriores ao permitir que roteiros prontos fossem editados na tecnologia.
Outra proposta é que Roteiros já existentes não possam ser usados para treinar inteligência artificial, evitando possíveis violações de direitos autorais. Alguns membros do WGA chamam a IA de “máquina de plágio”. A chefe negociadora da WGA, Ellen Stutzman, afirma que eles fizeram um pedido razoável para manter a IA longe dos negócios de cinema e TV.
Em suma, a criação de roteiros por meio de IA é uma realidade em Hollywood, mas está causando grande tensão entre escritores e estúdios. A paralisação dos roteiristas aponta um debate maior sobre o uso da tecnologia na indústria do entretenimento, seus benefícios e desvantagens.
Data | 3 de maio |
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Local | Los Angeles |
Associação | Writers Guild of America (WGA) |
Motivação da greve | Melhorias salariais e restrição do uso da inteligência artificial (IA) na criação de roteiros |
Preocupações dos escritores | Uso livre da IA em seus materiais e revisão de rascunhos malfeitos gerados pela IA, além da possibilidade de violação de direitos autorais |
Propostas dos escritores | Não considerar materiais gerados pela IA como literários ou originais e impedir o uso de roteiros existentes para treinamento da tecnologia |
Debate maior | Uso da tecnologia na indústria do entretenimento e seus benefícios e desvantagens |
Com informações do site Reuters.